Open/Close Menu A Paróquia de Nossa Senhora de Loreto quer ser comunidade de fé e de amor. Reúne numerosíssimos fiéis em movimentos, serviços e pastorais, espaço de convivência, de fraternidade, de acolhimento e partilha. Quer oferecer oportunidade para aprimorar convivência cristã em torno da Palavra e dos serviços de ajuda aos mais necessitados. Lugar de um culto sempre mais aprimorado, de louvor e de cursos de formação.

Foi sucesso inesperado. Tudo parecia meio complicado até o momento de se iniciar a maior concentração popular do mundo ocidental da atualidade. As inscrições pareciam poucas, a crise econômica da Europa parecia um obstáculo forte, a violência praticada por vândalos nas manifestações de rua no Brasil impunha receios, e por fim, a meteorologia indicava situação dificílima, com queda brusca da temperatura, coisa raríssima no Rio de Janeiro. E assim começou a JMJ. Ao início da semana, tempo chuvoso de uma chuva gelada parecia ameaçar a participação nas catequeses em mais de 250 pontos da periferia ao centro do Rio. Não ameaçou. O Campus Fidei, onde a Igreja empregou milhões de reais para a missa de encerramento, alagava a cada dia. A chegada do Papa Francisco parecia ter sido minimizada por autoridades civis que não prepararam bom esquema de trânsito e nem segurança suficiente.

Grupos agressivos a Cristo, à Fé Católica e ao direito das pessoas de crerem em Deus e de manifestarem sua fé, extremistas e propugnadores de teses contrárias à moral, à ética e aos direitos humanos manifestavam verdadeiro Odium Fidei, e comprometiam a paz, desafiando até mesmo a polícia e o exército com insultos inexplicáveis aos olhos da boa educação e da saúde mental.

Depois de rezar com fervor, por vários dias, para a melhoria do tempo e pedindo a proteção para todos nós, cheguei a perguntar a Nosso Senhor: que quereis Vós, ó meu Deus, com este perigo de insucesso? Em que nós teríamos errado, Senhor, para sermos punidos desse jeito?

Porém, ao final do evento, pude perceber que tudo estava misteriosamente no coração amoroso de Deus e que mais uma vez se comprova que Ele não desampara o seu povo e dá vitória final a quem nele confia. A multidão dos fiéis, cuja fé foi mais forte que a chuva e o frio, como expressou o Papa Francisco, foi esplendorosamente recompensada pelo Pai Celeste. Ouvir a Palavra de Deus explicada com sabedoria e santidade pelo Papa Francisco; ver o Sucessor de Pedro que tem alma transparente e todas as características de um Pastor autêntico, simples, sem medo nem mesmo de arriscar sua vida só para ter contato direto e imediato com o povo santo de Deus; observar o crescendo da multidão de brasileiros e estrangeiros que iam chegando a cada dia até passar de três milhões e meio; sentir a sede de Deus, o interesse pela fé e a postura piedosa e comprometida dos rapazes e moças nas catequeses, o entusiasmo, até às lágrimas, por Jesus Cristo por parte daquele mar de jovens na praia de Copacabana; observar a atitude não agressiva, orante e marcada pelo amor aos inimigos, como Jesus ensinou, diante das provocações horríveis de manifestantes; sentir o amor de Cristo que quase se podia tocar com as mãos nos momentos da Via Sacra, da Vigília Eucarística e da Missa do Envio, receber a luz maravilhosa do sol brilhante dos últimos dias, ver a beleza natural do Rio de Janeiro presidida pelo Cristo Redentor no Corcovado, e tantas outras maravilhas de Deus acontecerem a olho nu, foi algo de lavar a alma e de criar um ânimo novo e surpreendente na propagação da fé para o povo de nosso tempo. Ouvi de vários jovens expressões como estas: “vale a pena ser católico”, “como a Igreja é bonita”, “cresci na fé”, “sei agora o que é ser totalmente de Cristo”, “Deus é maravilhoso”, e tantas outras falas que nos resultaram em alegria e renovada esperança.

Senti, ao passar dos dias, que tudo foi mudando para melhor até mesmo na compreensão das pessoas alheias à fé católica, na interpretação da mídia e no comportamento das autoridades. Começaram a aparecer cartazes como aquele “Não sou católico, mas amo o Papa Francisco”, ou testemunhos de evangélicos e de ateus que reconheciam e às vezes manifestavam quase entusiasmo por tudo aquilo que estava acontecendo naquela multidão de pessoas do bem e da paz, cuja fé e amor a Deus eram tão evidentes e tão eloquentes.

Não posso deixar de destacar algo que a grande mídia não mostrou: as Semanas Missionárias nas dioceses. Em Juiz de Fora, o Setor Juventude, as paróquias, as famílias, os padres, as casas religiosas, os seminaristas, os voluntários, a juventude em geral foram tão dedicados e fiéis que me encheram o coração de alegria e gratidão. A acolhida dos estrangeiros por parte de milhares de famílias hospedeiras, seja nas Semanas Missionárias das dioceses, seja nos dias da JMJ na cidade do Rio, e os gestos de cordialidade e partilha cristã demonstrados pelos moradores da orla de Copacabana que abriram suas casas para que os jovens pudessem usar seus banheiros, só foram vistos por quem estava por perto. Também o imenso e bonito trabalho dos féis católicos cariocas, sobretudo dos sessenta mil voluntários, dificilmente terá sido percebido por muita gente.

Mas nem a mídia, nem a coordenação e nem quem quer que seja, nem mesmo o Papa Francisco poderão ver nem medir o quanto do amor de Deus ficou impresso na alma dos que participaram e o esplendoroso efeito missionário que a JMJ 2013 representou e representará. Só Deus!

 

 

Dom Gil Antônio Moreira

Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

 

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